domingo, 11 de setembro de 2011

Você se foi e as única coisa que guardo de você são as lembranças. Das lembranças que eu guardo fiz questão de esquecer uma a uma, não foi do dia pra noite, levei dias, meses achei que completaria anos até que você sumisse por completo. Pensei que não conseguiria, mas viver assombrada e presa as suas lembranças jamais me faria feliz então, deixei que você morresse, todos os dias eu fazia questão de matar um pouquinho e hoje eu entendo que você jamais seria o que eu queria que você fosse e eu jamais seria "a perfeitinha". Viver mal assombrado e a sombra de um passado é se condenar e se conformar a viver preso as lembranças, tem uma frase que eu gosto muito "Ainda que doa deixar pessoas morrerem, se agarrar a elas é viver mal assombrado".

segunda-feira, 4 de julho de 2011

ISSO É MUITA SABEDORIA
Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.
Clarice Lispector
E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço.



Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim.
Clarice Lispector
"É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo. (Clarice Lispector )

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Imaginamos sempre que as pessoas são verdadeira s com a gente, doce ilusão, ledo engano, ninguém é verdadeiro, todos mentem, eu minto, você mente, nos mentimos, a mentira é necessária para a sobrevivência humana, muitas vezes são idiotas, pequenas, coisas simples, para ver alguém feliz, algumas para ver alguém triste, mas a grande maioria é egoísta e só serve para a gente mesmo se sentir bem.

Quantas vezes mentimos para magoar alguém por querer, ou fingimos gostar de alguém que não gostamos, que não suportamos, que não podemos nem ver perto da gente, mas fingimos adorar a pessoa, conversamos com ela, como se fossemos os melhores amigos, pelas costas falamos mal dela, todos são assim, se alguém me disser que não fala de pessoas, por favor, me ensine um assunto mais legal que eu não conheço.

Mas a pior falsidade é quando fingimos gostar de alguém, fazemos as coisas pensando em nos mesmos, mas fingimos que é pelo outro, dizemos eu te amo, fingimos ser a pessoa mais importante e na realidade, queremos é justamente o oposto, não se apegar a ela, somente aproveitar o tempo juntos, ficar longe dela é melhor que conviver com seus problemas, seus defeitos, e ate mesmo quem sabe suas qualidades insuportáveis.

Como é fácil diminuir alguém com mentiras, difamando, e ainda mais quando é pra ela mesma, dizendo que alguém falou isso, ou aquilo, colocar pra baixo a pessoa, como se ela fosse culpada dos nossos fracassos pessoais, e querer que ela sinta a culpa e carregue a dor por algo que ela não fez, a falsidade é tamanha, que conseguimos fazer o outro pensar que realmente errou.

Não sei de quem é a frase, mas uma mentira bem contada, pode se tornar uma grande verdade, se quem contar acreditar nela, então se fazemos isso, confiando que o problema é do outro e não nosso, fácil, transformamos a mentira em verdade absoluta pra nos mesmos, e continuamos com o mesmo defeito e acreditando que a culpa não é nossa... conseguimos o melhor agora, ser falso com a gente mesmo.

domingo, 22 de maio de 2011

Muitas pessoas lá fora vão te dizer que você não pode. O que você tem que fazer é virar e dizer: observe.
Pensando bem, não sou essa mulher que você pensa que eu sou.
Aquelas histórias de sedução foram todas inventadas e esse ar superior, de quem sabe lidar com a vida, é apenas auto-defesa. Aquelas frases filosóficas, foram só pra te impressionar, pra te passar essa ilusão de intelectual... na verdade eu ainda nem sei se acredito nos valores que me ensinaram, quanto mais em frases feitas e opiniões formadas!
Senta aí, vai! Deixa eu tirar os sapatos, desmanchar o penteado, retirar a maquiagem... quero te mostrar que assim de perto não sou tão bonita quanto pareço, por isso uso todos esses artifícios. É que no fundo tenho um medo terrível de que você me ache feia, de que você encontre em mim uma série de imperfeições.
Sabe, não quero mais usar essa máscara de mulher inatingível, de mulher forte com punhos de aço... No íntimo me sinto uma pequena ave indefesa, leve demais para enfrentar o vento e que deseja ficar no aconchego do ninho e ser mimada até adormecer.
Olha pra mim, às vezes minha intimidade não tem brilho nenhum e você terá que me amar muito para suportar essas minhas impotências. 
Deixa eu tirar o casaco, tirar o cansaço... essa jornada dupla me deixa tão carente
A convicção de independência afetiva? É tudo balela! Eu queria mesmo era dividir a cama, a mesa, o banho...
Queria dividir os sentimentos, os sonhos, as ilusões... um pedaço de torta, uma xícara de café, algum segredo...
Ah, eu tenho andado por aí, tenho sido tantas mulheres que não sou!
Quantas vezes me inventei e até me convenci da minha identidade.
Administrei minha liberdade. Tomei aviões, tomei whisky... troquei a lâmpada, abri sozinha o zíper do vestido... decidi o meu destino com tanta segurança... mas não previ que na linha da minha vida estivesse demarcada uma paixão inesperada. 
Agora, cá estou eu, toda atrapalhada, tentando um cruzar de pernas diferente, um olhar mais grave, um molhar de lábios sensual... mas não sei direito o que fazer para agradar.
Confesso que isso me cansa um pouco.
Queria mesmo era falar de todos os meus medos, "dos seus medos?" você diria, como se eu nunca tivesse temido nada. Queria lhe falar das minhas marcas de infância, dos animais que tive, do meu primeiro dia de aula... queria falar dessas coisas mais elementares, e lhe levar à casa da minha mãe, lhe mostrar meu álbum de retrato (eu, me equilibrando nos primeiros passos), ah, queria lhe mostrar minha primeira bicicleta, com truques. Ela ainda existe! Queria lhe mostrar as árvores que eu plantei (como elas cresceram!) e todas essas coisas que são tão importantes pra mim e tão insignificantes aos outros.
Ah, você queria falar alguma coisa? Está bem! Antes, só mais uma coisinha estou morrendo de medo que você saia desta cena antes de mim, que você saia, à francesa, desta história e eu tenha que recolocar minha máscara e me reinventar, outra vez.