Procuro alguém que não abra mão do futebol das quintas só pra me acompanhar em um chá de fraldas. Que me deixe falando sozinha quando eu merecer. Quero alguém que sinta ciúmes de mim às vezes, mas nem por isso não olhe para uma bela mulher na minha frente. Procuro um par que goste de ficar debaixo do cobertor em um estreito sofá. Que goste de cheiro no nariz e beijo no olho. Uma pessoa que não evite seus amigos, só porque eu não gosto deles. Mas entenda quando eu inventar uma forte cólica para não vê-los. Desejo alguém que me omita fatos. Mas que não consiga me enganar olhando nos olhos. E que por mais que eu fique furiosa, me faça não conseguir dobrar a esquina e me obrigue a voltar correndo pedir que nunca mais faça isso comigo. Que no auge da minha raiva, me tasque um beijo. Alguém que me desperte ódio. Procuro alguém que aceite que eu gosto de soprar o suor do rosto depois do sexo. Que me faça sentir saudades dos seus defeitos. Da toalha molhada na cama e dos sapatos pela casa. Alguém que me considere a melhor mulher do mundo só porque deixei cerveja gelada quando traz os amigos para olhar futebol. Mas que não admita isso, claro. Desejo um cara que brigue comigo porque eu adormeço nos primeiros 30 minutos de viagem. E que fique tentando me acordar a cada paisagem bela. Que não reclame se eu não responder sobre minha posição sexual preferida. Procuro alguém que reclame paz para ler o jornal enquanto eu canto no chuveiro ou danço na cozinha. Que entenda que sou meio maluquinha às vezes. Um cara que me leve ao parque de diversões e insista que o carro choque é o melhor. Que me deixe com vontade de cuidar de suas roupas, mesmo que eu proteste por fazê-lo. Que durma de conchinha comigo a noite toda, e que me deixe abraçar, se por ventura se virar para o outro lado. Procuro alguém que lembre da minha dieta quando eu como brigadeiro na panela. E não se importe de eu tomar um litro de chá de maçã numa única noite. Alguém que não tenha paciência de esperar eu me arrumar depois de voltar moída da academia. Que me faça levantar três horas antes do habitual para acompanhá-lo do café da manhã até a porta, em pleno Julho. E que inunde meu coração de intolerável saudade dez minutos depois de sair, mesmo sabendo que voltará em poucos dias. Enfim, que me obrigue a levá-lo no olhar enquanto eu respirar